26 de janeiro de 2011

Maré Alta 26/01/2011

Novas perspectivas para o futuro

O deputado Carlos Sousa tem vindo, nos últimos tempos, a defender publicamente a ideia de uma solução de governação de uma esquerda alargada de médio prazo para o Município de V. N. de Famalicão, que pudesse integrar o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda.

Em teoria, confesso que não me repugna a ideia de alguma forma de entendimento entre o PS e o BE e entendo que será benéfico para Famalicão se houver outras opções fortes de governação capazes de dar uma nova esperança aos famalicenses e que seja capaz de colocar Famalicão num patamar de desenvolvimento compatível com a importância do nosso concelho.

Para que isso pudesse acontecer, seria necessário reunir alguns factores importantes como: 1º - Que os dois partidos preparassem atempadamente os respectivos programas de médio prazo de forma abrangente, de abertura a toda a sociedade e que esses programas pudessem ser a génese de um projecto global aglutinador e mobilizador. 2º - Que, em ambos os partidos, fossem conhecidas, em tempo útil, as pessoas que pudessem vir a ser timoneiras desse desenvolvimento e cuja competência, idoneidade e compromisso sejam amplamente reconhecidos pel@s famalicenses. 3º - Os superiores interesses do Município teriam que estar acima de qualquer outro interesse partidário ou pessoal e que sobre isso não restasse a menor dúvida a quem quer que fosse. 4º - Esse entendimento partidário teria que estar assente num compromisso sério e num intransigente respeito institucional.

No passado, a experiencia de entendimento entre PS e BE na Câmara de Lisboa e a recente campanha eleitoral de Manuel Alegre para as presidenciais em V. N. de Famalicão, vieram demonstrar que é muito remota, para não dizer impossível, a hipótese de algum entendimento entre o PS e o BE, pelo menos enquanto os actuais dirigentes de ambos os partidos estiverem em funções. O BE não quer o poder pelo poder, nem o poder a qualquer preço. E nunca defenderemos um poder à moda do CDS/PP, nem aceitaremos qualquer tipo de submissão aos interesses de qualquer outro partido em nome de qualquer poder.

Como sempre disse, considerando os superiores interesses do nosso concelho e tendo em vista uma democracia mais participativa e plural, não sou apologista de maiorias absolutas, mas sim de um equilíbrio de poderes que, de uma forma responsável, seja capaz de colher diferentes visões sobre todos os aspectos do desenvolvimento e que seja capaz de gerar consensos suficientemente alargados, tanto das forças políticas, como de todas as instituições. De uma forma geral, toda a sociedade deve desempenhar o seu papel na escolha das melhores opções para o futuro colectivo e não ser apenas uma imposição de uma única pessoa ou mesmo de um único partido. A evolução da sociedade é demasiado dinâmica para ficarmos indefinidamente presos a conceitos demasiados centralizadores.

Nesse capítulo, todos nós, individual e colectivamente, temos ainda um longo caminho a percorrer.

Texto publicado no Jornal Opinião Pública em 26/01/2011

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."