5 de março de 2008

Maré Alta de 05/03/2008

Estranha forma de democracia.

A situação de maioria absoluta que se verifica na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal em V. N. de Famalicão tem sido propícia à ocorrência de diversas situações de abusos e de atropelos ao normal desenvolvimento da democracia.

As ausências frequentes dos respectivos presidentes nas reuniões da Assembleia Municipal são um exemplo evidente da importância dado à democracia representativa no nosso concelho. Mas esse até nem seria o pior dos males, mas quando se verifica que a Câmara se recusa com a mesma frequência a não responder às perguntas que lhe são colocadas pelos deputados quando as mesmas lhe são incomodas e remetendo-se a um comprometedor silêncio. Mais grave ainda é a ausência de respostas a requerimentos apresentados pelo grupo municipal do Bloco de Esquerda ou então com respostas evasivas e de teor meramente político como já aconteceu.

Quando ilegalidades no urbanismo saltam à vista de qualquer famalicense e os responsáveis camarários se remetem ao silêncio, a credibilidade da Câmara fica definitivamente comprometida e com isso, todo o tipo de suspeição fica legitimado. É que a credibilidade é como a virgindade, só se perde uma vez.

A pouco mais de um ano das próximas eleições autárquicas, já nada de positivo se pode esperar desta maioria PSD/PP que governa V. N. de Famalicão. É extenso o rol de argumentos que justifiquem o fracasso desta gestão, desde as assustadoras desigualdades entre freguesias em que a cor partidária das respectivas juntas é o principal factor de desenvolvimento ou estagnação; as situações de perseguição de funcionários municipais, os jogos de bastidores para tentar afastar os vereadores que em tempos foram úteis e que porventura o deixaram de ser ou que interesses partidários assim o obrigam; o evidente desperdício em propaganda e promoção da imagem do presidente com dinheiros públicos enquanto se aumentam as tarifas de água e saneamento e se recorre a sucessivos empréstimos que irão comprometer a gestão da Câmara nos próximos anos para fazer obras indispensáveis.

Perante isto só nos resta uma opção, apresentarmo-nos como alternativa a este tipo de gestão. Os partidos que agora estão na oposição devem ser capazes de fazer melhor, não apenas em termos de propaganda, mas principalmente em serem mais credíveis junto dos famalicenses para que o futuro deixe de ser um extenso vale onde os interesses de alguns se sobrepõem a todos os demais, mas seja um espaço de cidadania responsável onde todos e cada um tenha um papel activo, permanente e construtivo na edificação de uma sociedade equilibrada.

Naquilo que ao Bloco de Esquerda diz respeito, não tenho dúvidas que esse trabalho em prol de um futuro melhor para todos os famalicenses e não apenas para alguns, continuará a ser promovido e estimulado. Resta esperar pelo principal factor de desenvolvimento que é a participação principal dos cidadãos através do seu voto para que decidam acabar com este tipo de situações e permitam que haja a necessária pluralidade democrática.

Crónica publicada no jornal Opinião Pública em 05/03/2008

Sem comentários:

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."