22 de março de 2007

Para pensar 17

"Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora, dê-lhes alicerces."

(Henry David Thoreau)

1 comentário:

Anónimo disse...

what`s your side?

Facção mais radical do BE concorre contra a lista encabeçada por Louçã



Fernando Madaíl

A única tendência organizada do Bloco, a Ruptura/FER, vai apresentar uma lista própria para a Mesa Nacional na V Convenção Nacional (o equivalente aos congressos nos outros partidos), marcada para 2 e 3 de Junho, em Lisboa, em oposição à que será subscrita por Francisco Louçã, Fernando Rosas, Luís Fazenda e Miguel Portas.

Apontada como a linha mais radical no interior do partido, ao contrário das outras formações que se diluíram após a fundação (UDP, PSR e Política XXI), o grupo do trotskismo morenista liderado por Gil Garcia, que é a secção portuguesa da Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional, manteve sempre a sua identidade própria. Nas anteriores convenções, a Ruptura/FER integrou sempre a lista da linha maioritária, tendo colocado na actual composição da Mesa Nacional, além de Gil Garcia, também Flor Neves e João Pascoal.

As listas alternativas que foram a votos nas III e IV convenções surgiram de uma sensibilidade que não se assume como facção ideológica e que apareceu logo no segundo conclave com a divertida designação de Grupo das Caldas. Na última reunião magna dos bloquistas, em Maio de 2005, este grupo, que apresentou a moção "Por uma plataforma de democracia socialista", só conseguiu eleger seis dos 80 membros da Mesa Nacional (Helena Carmo, Marco Loureiro, Jorge Céu, Clara Alexandre, Francisco Raposo e José Aleixo), quando no anterior tinha conseguido dez lugares.

Neste momento, garante Helena Carmo ao DN, irão apresentar uma moção própria, mas a questão de virem ou não a avançar com uma lista deverá ser decidida como sempre foi - durante a própria convenção.

Enquanto a Ruptura/FER se assume como a ala mais à esquerda do BE, esta sensibilidade incide mais na forma de funcionamento interno do Bloco, acreditando "na valorização dos colectivos" - opôs-se, por exemplo, à escolha de um coordenador nacional, que transformou Louçã no líder, defendendo que se mantivesse a anterior direcção colegial.

A divergência dos trotskistas morenistas é bastante mais radical e foi assumindo um tom crítico em relação à linha dominante. Gil Garcia explica ao DN que, além da discriminação de que foram sempre alvo por parte dos sectores mais moderados, a Ruptura/FER defende posições mais duras contra o governo, como uma greve geral. "Não queremos um Bloco à PS na política e à PCP no funcionamento interno", sintetiza.

A primeira demonstração de divergência que se tornaria pública foi quando esta facção contrapôs ao documento de reflexão interna O Rumo Estratégico para o Bloco, que a Comissão Política apresentou à Mesa Nacional , em Março de 2006, um outro intitulado Um Rumo Estratégico Alternativo.

Depois, a Ruptura/FER apresentou listas próprias nas eleições para as coordenadoras distritais de Lisboa e de Coimbra; elaborou um texto crítico ao programa político da Marcha pelo Emprego, a grande iniciativa do BE de Setembro; e criticou o facto da campanha do referendo do aborto ter sido uma "espécie de trégua social ao governo".

Agora, procurando juntar militantes do BE sem ligação a qualquer grupo com os elementos desta facção na lista alternativa para conhecer a sua representatividade interna, "é que vamos ver".

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."