Eventualidades
Na última reunião da Assembleia Municipal, foi aprovado um voto de protesto contra a eventualidade de a sede do futuro Centro Hospitalar do Vale do Ave (que resultará da fusão dos hospitais de Famalicão e Santo Tirso) ser instalada pelo Ministério da Saúde no actual Hospital de Santo Tirso.
Até se poderá entender a preocupação da autarquia famalicense em não deixar sair serviços, ou até o bairrismo dos nossos deputados municipais, ou até que o excessivo uso de providências cautelares lhe tivesse retirado o valor que deveria ter em casos limite. Mas daí a aprovar votos conta ou a favor da possibilidade de algo vir a acontecer, é uma novidade.
Se este tipo de expediente vier a implantado na Assembleia Municipal, não será de espantar que surjam votos contra a possibilidade de a Câmara Municipal não vir a cumprir o Plano e Orçamento, ou votos de louvor pela possibilidade de Miguel Campos vir a ser campeão mundial de ralis ou João Araújo campeão mundial de natação.
Será que a mera possibilidade de os serviços administrativos de um futuro Centro Hospitalar do Vale do Ave não serem em Famalicão, é razão para tanta agitação? Se fosse ao contrário e retirassem de Famalicão serviços efectivos como urgências ou a maternidade, ou alguma das especialidades, que fariam a Câmara e a Assembleia Municipal? Cortavam estradas, ou tomaria medidas ainda mais drásticas?
Naturalmente que nenhum famalicense quererá que esses serviços administrativos fiquem longe, mas tomar posições tão crispadas e fora de tempo, não acredito que seja a melhor forma convencer quem tem que decidir. E por outro lado, não será desta forma que a Assembleia Municipal se tornará mais credível.
Oposição
Nunca antes aqui teci comentários à vida interna dos partidos políticos, mas permitam-me que me refira às tenções internas no Partido Socialista de Famalicão, recentemente visíveis por ocasião do jantar de tomada de posse da JS de Ribeirão. Eu entendo que não seja fácil a Nuno Sá conciliar tantos interesses e posições dentro do partido, mas seria bom para V. N. de Famalicão que o PS encontrasse um rumo, seja ele qual for e que possa ser uma verdadeira oposição à Coligação de Direita no poder.
Da mesma maneira, os restantes partidos, nomeadamente CDU e Bloco de Esquerda, devem tomar posições numa efectiva oposição que permita aos famalicenses vislumbrar alternativas a uma Coligação visivelmente esgotada e que já deu mostras de não ser capaz de cumprir tudo aquilo que prometeu aos famalicenses.
Ser uma oposição activa e empenhada não significa necessariamente ser sempre do contra, mas estar próximo das populações, das instituições de forma a entender melhor os seus anseios e preocupações e apresentar alternativas credíveis.
A democracia é sempre “refém” das maiorias absolutas que ela própria possibilita, facilitando abusos e uma visão unilateral do desenvolvimento. Compete às oposições o difícil mas necessário papel de equilibrar as tendências com vista a uma democracia mais evoluída.
Publicada no Jornal Opinião Pública
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