26 de setembro de 2012

Maré Alta de 26 de Setembro de 2012



Há medo em Famalicão

Na semana passada, comentei no mural da Município de Famalicão no facebook o facto da receção de Armindo Costa e a sua sombra ao atleta paraolímpico famalicense Luís Silva ter sido feita no átrio da Câmara Municipal e não no salão nobre como se justificava, porque o edifício não está devidamente equipado para o efeito como prevê a lei.
Nos dias seguintes recebi um elevado número de mensagens privadas no facebook e emails a felicitarem-me pelo alerta e praticamente todos referiram que não o manifestaram publicamente por receio de poderem, no futuro, virem a ser alvo de algum tipo de represália ou discriminação. 38 anos depois de conquistada a liberdade, é preocupante que ainda exista esta realidade.
Se é inaceitável que alguém ou alguma instituição utilize alguma espécie de poder que eventualmente tenha para intimidar ou manipular, também não podemos tolerar que os próprios cidadãos imponham voluntariamente a si mesmos algum tipo de autocensura limitadora das suas legítimas liberdades, nomeadamente a liberdade de expressão.
Numa sociedade moderna e evoluída não pode caber o medo de falar, o medo de expressar publicamente as nossas opiniões. Cabe a cada cidadão fazer valer a sua liberdade contra a chantagem, contra o medo, contra a discriminação, contra o aproveitamento dos poderes dos cargos que ocupam, que infelizmente ainda impera em muitas instituições públicas, mas que é urgente combater. Essa é uma missão que deverá ser assumida por todos e cada um.

Crise governamental.

Nas últimas semanas, Passos Coelho conseguiu unir todos os portugueses contra si ao manter a intensão de transferir uma parto do pagamento da TSU das empresas para os trabalhadores. Com isto, Passos Coelho manifestou que aquilo que o move é muito mais que equilibrar as contas do Estado, é uma obsessão edeológica contra os trabalhadores, pensionistas e reformados.
Mas no meio de tudo isto, é deplorável a posição oportunista de Paulo Portas e do CDS-PP. Depois do ministro do CDS Pedro Mota Soares se ter manifestado a favor as alterações à TSU anunciadas no dia anterior por Passos Coelho, vem Portas, uma semana depois, dizer que tinham sido contra mas que não quiseram uma crise política. Isto demonstra que o CDS é movido por todo o tipo de oportunismos, confrontados com a enorme manifestação de repúdio dos portugueses, logo desautorizam um dos seus ministros e atraiçoam os parceiros de coligação, mas querendo manter os cargos que ocupam.
Esta crise poderá ser benéfica para o país na medida em que pode fazer cair este governo e abrir a possibilidade de uma nova alternativa de governação. Portugal só conseguirá sair da crise quando se libertar das garras agiotas da troika, quando renegociar a dívida. Na Grécia como cá, está completamente provado que a austeridade, para além de não resolver qualquer problema, apenas serve para empobrecer o país. Um Estado onde a maioria das pessoas empobrece cada vez mais, nunca poderá crescer e sair da crise.

Crónica publicada no jornal Opinião Pública de 26/09/2012


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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."