29 de agosto de 2012

Maré Alta de 29 de agosto de 2012


 
O futuro do Bloco de Esquerda

Ao longo dos sete anos que já levo de militância no Bloco de Esquerda, nunca antes me manifestei na praça pública sobre assuntos internos da vida do meu partido. Uma vez que a sucessão do coordenador nacional saltou para a comunicação social antes ainda de qualquer discussão interna, manifestarei aqui a minha opinião sobre a forma como o processo está a decorrer.

Foi com alguma estranheza que conheci pelos jornais e em período de férias, a legítima decisão de Francisco Louçã em não se voltar a candidatar ao cargo de coordenador político nacional do BE. Entendo que a opção de Louçã em propor publicamente uma coordenação política partilhada por duas pessoas não foi a mais feliz. Noutro contexto político do Bloco e do país, eu mesmo apoiaria esse modelo de organização, mas para suceder a alguém com a dimensão política de Francisco Louçã e quando o país precisa de um BE na máxima força, não me parece que tenha sido a opção mais inteligente.

Francisco Louçã ajudaria muito mais o partido se se tivesse escusado a manifestar, nesta altura, a sua opinião sobre nomes para a sua sucessão, pelo risco de condicionar escolhas e de poder vir a enfraquecer qualquer opção  que democraticamente possa vir a resultar da convenção do Bloco a 10 e 11 de Novembro próximo e que seja diferente daquela que sugeriu. Sem nomes avançados à partida, as opções políticas para o futuro do BE poderiam emergir naturalmente e originar uma maior mobilização das bases do partido.

Assim, corremos o risco de ver uma Convenção a discutir a escolha de nomes, quando seria muito mais importante a discussão de ideias e opções para o futuro do Bloco de Esquerda e da sua contribuição para um futuro melhor para o país.

Inicia-se agora um período de discussão interna de moções em que todos os bloquistas se devem empenhar.

De qualquer maneira, a situação atual do país exige que, da Convenção do Bloco de Esquerda, resulte uma coordenação suficientemente capaz de apresentar aos portugueses uma visão de mudança que possa ajudar a inverter o rumo destruidor que PSD e CDS estão a impor e que o Partido Socialista está refém.

Com maior vigor, o BE deverá implementar novas formas de contacto e comunicação com a população, de forma a que seja possível propor medidas imediatas para superar a difícil situação da maioria da população e ainda trabalhar para que a médio prazo seja possível uma mudança real na governação do país em que as pessoas e as questões sociais estejam acima dos atuais interesses financeiros instalados no funcionamento do Estado.

Crónica publicada no jornal Opinião Pública de 28/08/2012
 

Sem comentários:

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."