Na
encruzilhada da Europa
São complicados os tempos que a velha Europa vive. Desde a criação da moeda única, foi fácil ver que os principais critérios de estabilização do Euro não iriam dar bom resultado, basta ver a quem interessa mais um Euro forte nos mercados cambiais.
Mas o verdadeiro descalabro começou a verificar-se há cerca de 5 anos atrás, quando os líderes europeus delegaram todas as decisões da Europa em Merkel e Sarkozy e estes passaram, descaradamente, a defender os interesses dos mercados e dos grandes interesses financeiros internacionais em detrimento dos legítimos direitos dos povos europeus.
Tendo as agências de raiting como capatazes, rapidamente semearam uma austeridade devastadora sobre países periféricos mais expostos à ganância dos mercados. Em Portugal, Grécia, Irlanda, Itália e agora em Espanha trataram de empobrecer as populações, destruir as economias e acabando por impor uma nova espécie de escravatura. Pior, em Itália e na Grécia, atreveram-se a substituir governos eleitos democraticamente por tecnocratas com perigosas ligações aos interesses financeiros.
Mas não se pode governar eternamente contra o povo.
Na Grécia, o povo demonstrou nas urnas aquilo que há muito manifestava nas ruas, que não aceita este destino que lhes é imposto sob chantagem da sua troika. Também na França o povo mostrou que quer mudar de rumo e retirou o poder absoluto a Sarkozy, devolvendo também a esperança numa nova Europa.
Merkel perdeu a sua moleta europeia e somou a oitava derrota consecutiva do seu partido em eleições regionais na Alemanha. Depois desta clara demonstração de vontade de mudança, é uma questão de tempo até Merkel perder todo o poder que tem.
Os povos de vários países manifestaram claramente que querem um novo rumo, uma nova esperança de que os seus governantes democraticamente eleitos governem em função das pessoas e não em função de mercados sem rosto e sem o mínimo respeito pela dignidade de milhões de pessoas.
Também em Portugal é preciso uma mudança clara nos destinos do país. É intolerável esta espiral recessiva que atira milhares para o desemprego e para a miséria enquanto alguns ficam cada vez mais ricos. Não se pode aceitar que sejam os trabalhadores e reformados os mais sacrificados apenas como um troféu do governo juntos dos seus mandantes da troika.
Em breve teremos eleições autárquicas, será a primeira grande oportunidade de mostrar, democraticamente, que as opções da direita não servem os interesses da maioria da população.
Crónica publicada no jornal Opinião Pública de 16/05/2012
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