3 de março de 2010

Maré Alta de 03/03/2010

O que quererá a Câmara esconder?

Adquirido no ano de 2003 pelo Município famalicense, o edifício do antigo Colégio Camilo Castelo Branco localizado na rua Manuel Pinto de Sousa, bem no centro da cidade, permaneceu desde então ao abandono, apesar da promessa de ali construir um edifício de raiz para albergar diversos serviços dispersos pela cidade. Dizia na altura a Câmara que com a aquisição iria ser “altamente lucrativa para o município”, uma vez que iria “implicar o fim dos elevados custos mensais que a autarquia tem devido a aluguer de imóveis”.
Acontece que até hoje, aquele edifício ali ficou a degradar-se e a área circundante com arbustos que constituíam um verdadeiro problema de saúde pública. Atento a isso, em Novembro de 2006, o Bloco de Esquerda sugeriu que esse edifício fosse transformado numa casa inter-geracional, que albergaria a casa da juventude e um espaço onde diferentes gerações pudessem partilhar experiências e ensinamentos. A maioria PSD/PP ignorou essa proposta e a situação arrastou-se até agora. E durante todo este tempo, os tais elevados custos mensais em alugueres, continuaram a ser pagos e edifício ao abandono.
Com as obras que se estão a realizar na referida rua Manuel Pinto de Sousa, verifica-se nos últimos dias foram retirados os painéis que serviam de vedação nos terrenos do antigo Colégio Camilo Castelo Branco e começou a haver ali movimentações de terras. Como o BE de Vila Nova de Famalicão sempre esteve atento a este problema, na reunião da Assembleia Municipal realizada na passada sexta-feira, por intermédio do deputado Adelino Mota, foi perguntado à Câmara Municipal se iriam avançar obras no edifício e qual seria a sua futura utilização. Estranhamente, ou talvez não, Armindo Costa não respondeu. De seguida, Adelino Mota voltou a formular a questão e, de novo, o presidente da Câmara voltou a não responder. Mais afrente, um deputado do Partido Socialista relembrou que a pergunta ainda não tivera resposta e Armindo Costa simplesmente ignorou.
Não temos dúvidas de que Armindo Costa e a Câmara Municipal estão a esconder alguma coisa à Assembleia Municipal e por consequência aos famalicenses. Deduzo eu que estará a ser preparada mais uma acção de alto mediatismo populista para a divulgação da sua futura utilização. E não seria bom estragar a surpresa.
Este caso, só por si, já seria preocupante. Mas é bom lembrarmo-nos que é muito raro a Câmara responder às questões colocados pelos deputados na Assembleia Municipal e que as respostas aos requerimentos dos partidos chegam, por norma, fora de prazo e com respostas evasivas quando os assuntos são mais melindrosos. Tudo isto é revelador de um flagrante desrespeito institucional, em que os poderes parecem ficar subvertidos.
Esta atitude do senhor presidente da Câmara Municipal desprestigia as instituições e constitui uma falta de respeito, não apenas para com a Assembleia Municipal, mas também para com todos famalicenses.

Crónica publicada no Jornal opinião Pública em 03/03/2010

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."