27 de janeiro de 2010

Maré Alta de 27/01/2010

A Variante poente.

Tem sido tema de algum interesse nos últimos dias a discussão em torno da construção da Variante Poente em V. N. de Famalicão e que terá ligação ao concelho vizinhos da Trofa e Maia e Santo Tirso.
Aparte da birra de Armindo Costa pelo facto do projecto ter sido tornado público em primeiro lugar pela Câmara da Trofa, tirando-lhe o oportunidade de brilhar numa apresentação pomposa de que é especialista e das respostas também inflamadas de representantes do Partido Socialista aos desabafos do edil famalicense, esta obra não deixa de ser importante para a região, muito para além de qualquer interesse político-partidário.
Pecará por tardia, tendo em conta o permanente e crónico congestionamento da Nacional 14, fruto da falta de alternativas capazes de dar resposta a necessidades de acessibilidades, nomeadamente por parte do tecido industrial de toda esta região. Quando comparada a região da Grande Lisboa com do Grande Porto, verifica-se que há muito que esta via deveria estar feita, quanto mais não seja por uma questão de equilíbrio dos factores de desenvolvimento que o Estado deveria ter.
Que a obra é necessária e urgente, penso que ninguém terá dúvidas. Já em relação ao seu trajecto, implicações em termos ambientais e mesmo sociais, as opiniões já podem divergir. Poderemos também equacionar os benefícios versus malefícios da existência de uma ligação mais rápida em termos de fluxos de pessoas e as implicações demográficas que daí resultarão.
Sobre esta vertente, penso que é oportuno não esquecer que se continua a privilegiar os automóveis e não tanto os transportes colectivos, nomeadamente o comboio. Uma vez que esta nova via concorre quase directamente com a linha do Minho, pode acontecer que haja quem possa deixar de utilizar o comboio para, por comodidade, passar a usar o carro para se deslocar.
Este cenário deverá ser equacionado e tem que continuar o investimento para conseguir optimizar e potencializar ainda mais a ligação ferroviária entre o Porto, Famalicão e Braga. Esta preocupação não deve cingir-se apenas às empresas responsáveis pelo caminho-de-ferro, mas deve ser extensível às câmaras municipais para criem condições de acessibilidades às respectivas estações com o objectivo de facilitar e promover o uso dos transportes colectivos.
Se isto não for feito, corremos o risco de, daqui a pouco tempo, virmos a ter a nova variante igualmente saturada tal como a Nacional 14 e assistirmos a uma redução de utilizadores dos transportes colectivos, com os consequentes prejuízos ambientais e económicos que isso representa.


1 comentário:

Ruben Gomes disse...

A Variante Poente à Cidade de Famalicão é uma via mais que desejada por quem frequenta diariamente a N14, e principalmente para quem tem de atravessar a ponte sobre o rio Ave, na direcção de Ribeirão para a Trofa, que muitas vezes chegam a desesperar de tanto tempo que demoram para fazer esta travessia, e se uns vão por esta via em direcção ao Porto e à Maia e não usam a auto-estrada devido aos seus custos, outros há que não têm qualquer alternativa e usam-na diariamente para se deslocarem para os seus locais de trabalho e outros devido às grandes zonas industriais de Ribeirão, Lousado, Trofa e Maia, e que não tem qualquer escapatória possível para fugir ao tráfego intenso desta nacional.
Gostei do reparo em relação ao se estar a privilegiar os meios de transportes automobilísticos em detrimento do comboio, pois o traçado apresentado é muito próximo do traçado da linha do Minho, mas não nos podemos esquecer que esta nova variante servirá as zonas industriais e que não tem por habito e por comodidade a utilização dos transportes ferroviários, e também o facto de muitas destas freguesias abrangidas pelo traçado não terem transportes ferroviários nas suas localidades. Queria só deixar aqui este reparo, que muito afecta os ribeirenses e não posso esquecer que Ribeirão possui duas grandes zonas industriais e tem um aglomerado populacional vasto, com mais de 13 mil habitantes e que são por ventura os mais prejudicados pelo tráfego existente actualmente na N14.

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."