3 de junho de 2009

Maré Alta de 03/06/2009

A importância de votar.

Estamos a poucos dias de mais umas eleições. Desta vez é a eleição para o Parlamento Europeu, mais conhecida por Europeias.
Num mundo cada vez mais globalizado, a União Europeia e as suas instituições, nomeadamente o Parlamento Europeu, revestem-se de uma importância cada vez maior. As suas decisões afectam-nos de uma forma muito mais directa e rápida que no passado. A Europa hoje não está lá longe como antes se pensava e o desenvolvimento do nosso país está cada vez mais dependente das decisões lá tomadas.
Pela experiência de edições anteriores, esta eleição caracteriza-se por uma grande abstenção, causada por vários factores. Desde o dia das Eleições, à descrença na classe política, ao desconhecimento do programas dos partidos, etc..
Qualquer que seja a razão, a abstenção é certamente a pior opção. O Estado de Direito permite-nos ter direitos, mas do mesmo modo, implica o cumprimento dos nossos deveres, onde se inclui o dever cívico de votar. Se temos um dever, devemos estar preparados para o cumprir, devemos conhecer os programas, as intenções e as motivações dos candidatos e partidos. Se é certo que alguma comunicação social, como a televisão, por exemplo, apenas destacam pormenores das campanhas, há hoje muitos meios de ficarmos a conhecer aquilo que os partidos defendem. Praticamente todos os partidos colocam na Internet os seus programas, há jornais e sites on-line com todos os detalhes. Destaco alguns, como http://europeias.sapo.pt/ ou http://eleicoes2009.publico.pt/ .
Concordo que dá mais audiências uma gafe de algum candidato (e houve várias) que um debate em que as propostas se esclareçam. Aceito que não é fácil distinguir aquilo que é uma proposta para a Europa de um assunto do nosso país. Isso prova que fazemos parte cada vez mais integrante deste vasto espaço europeu e por isso o nosso voto nestas eleições é tão importante. Todos os dias são vendidos milhares de jornais desportivos com temas e assuntos tantas vezes repetidos e vazios de conteúdo, será por acaso demasiado que num dia apenas se trocassem as leituras desportivas (ou outras) por uma leitura atenta das propostas dos partidos e dos movimentos concorrentes? Essa aprendizagem poderá ser esclarecedora e poderá alterar a decisão de se abster.
Não é legítimo acusarmos os outros, nomeadamente tantos políticos empenhados na construção de uma Europa melhor, se nós mesmos não cumprimos os nossos próprios deveres. A responsabilidade não é apenas de alguns, mas sim de todos quantos temos a possibilidade de decidir, fruto da liberdade herdada do 25 de Abril.
Só podemos edificar uma sociedade melhor se estivermos esclarecidos e se formos capazes de dar o nosso contributo, não temos que concordar com tudo, não temos que andar a fazer campanha eleitoral, mas não devemos alhear-nos daquilo que nos influencia cada vez mais directamente, fruto de uma mundo cada vez mais global.
No próximo domingo, vá votar!

Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 03/06/2009

1 comentário:

dedo politico disse...

"O Estado de Direito permite-nos ter direitos, mas do mesmo modo, implica o cumprimento dos nossos deveres, onde se inclui o dever cívico de votar."


Caro amigo (penso que desta forma o posso tratar), citando o seu artigo de opinião, desta semana:

"Se temos um dever, devemos estar preparados para o cumprir, devemos conhecer os programas, as intenções e as motivações dos candidatos e partidos."

Não poderia estar mais de acordo com as palavras aqui escritas; no entanto acho (tendo quase a certeza) que se existe alguém que não tem interesse em esclarecer os cidadãos, e dar a conhecer os seus programas, são precisamente os políticos (exceptuando alguns, poucos)! Pois questiona-los pode ter um efeito nefasto!

Senão vejamos o que se passa no nosso concelho: debate-se constantemente as "tricas" (entre os dois maiores partidos de governo autárquico), inventam-se nomes para as listas, e está o circo montado.

Fazer uma discussão séria da política, apresentando propostas sérias para o concelho, isso, já não interessa nada, pois o dever dos cidadãos é simplesmente delegar o voto nos ditos 'sábios' da política, pois esses é que são as sumidades do poder!

Já no passado, o governante Português que mais tempo permaneceu no poder, dizia (mais ou menos isto): "O povo não precisa
de pensar. Pois eu existo para pensar por eles!

Esta é (infelizmente) uma ideia enraizada nos 'sábios políticos' de Portugal (incluindo os sábios do nosso concelho)... que de sábios nada têm; mas que sabidos lá isso são!


P.S.: O ‘dedopolitico’ entristecesse-se e sente-se realmente frustrado, por ver que ninguém está interessado em fazer uma discussão séria, sobre politica e sobre os problemas do nosso concelho!

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."