20 de maio de 2009

Maré Alta de 20/05/2009

Sezures, Famalicão e o país

1- Veio a público na passada semana o lamentável estado a que chegaram as instalações do parque desportivo de Sezures, na prática, um campo de futebol onde começaram a construir os balneários mas que nunca foram concluídos e que agora estão ao abandono. Esta situação veio por a nu a real disparidade de equipamentos desportivos existentes nas freguesias do nosso concelho e já várias vezes por mim aqui referidas.
O caso concreto de Sezures ganha maior relevância pelo facto da Junta de Freguesia não ser da mesma cor política da Câmara Municipal e de muito pouco lá ter sido investido pelo Município face às muitas necessidades que a freguesia revela. Mesmo considerando que a actual junta de freguesia, manifestamente não tem sido capaz de resolver os problemas da freguesia e de atrair os equipamentos e serviços que os seus habitantes têm direito, a diferença de tratamento da Câmara Municipal, quer na atribuição de apoios e de investimentos em equipamentos, que na forma nada elegante com que Armindo Costa se referiu ao presidente da Junta em Janeiro de 2007, revelam a dualidade de critérios no tratamento das freguesias e que acentuaram as desigualdades entre elas.
Neste ano de eleições autárquicas, o povo de Sezures terá a oportunidade de concretizar uma verdadeira mudança nos destinos da sua freguesia. Do mesmo modo, os famalicenses poderão mudar a gestão do município e assim criar condições para que não se repita uma administração do tipo totalitário como temos tido nos últimos anos.

2- Nos desenvolvimentos do chamado caso Freeport, a inquérito disciplinar instaurado ao procurador Lopes da Mota veio demonstrar claramente a forma como acontecessem muitas influências e pressões na alta-roda dos negócios e interesses em Portugal. O mais curioso é que, sendo Lopes da Mota dirigente da Eurojust e como tal com uma responsabilidade e importância maior, este não tenha de imediato pedido a suspensão do seu cargo como forma de manter a credibilidade da instituição que representa e até para melhor se poder defender no decorrer do processo. Como isso não aconteceu, o Governo deveria ter tomado essa iniciativa, a bem da transparência e da credibilidade da Justiça.
Ao vermos, por exemplo, o caso a professora que foi de imediato suspensa por causa da gravação de um episódio infeliz e reprovável durante as suas aulas, facilmente podemos concluir que há tratamentos diferenciados em função da importância das pessoas em causa. Se juntarmos a isto o exemplo de Dias Loureiro e outros casos mediáticos, aumenta ainda mais o descrédito da nossa democracia e das nossas instituições junto dos portugueses e arrasa a imagem de Portugal no estrangeiro.


Crónica publicada no jornal Opinião Pública em 20/05/2009

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."