18 de março de 2009

Maré Alta de 18/03/2009

A vila de Joane

Nos últimos tempos temos assistido a diversos episódios da polémica que envolve a alteração da feira de Joane. Curiosamente, este assunto ganha sempre alguma polémica em alturas de eleições sem que as entidades responsáveis, nomeadamente a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal sejam capazes de o resolver de uma vez por todas.
A partidarização deste assunto tem sido por demais evidente, ao ponto da Câmara Municipal ultrapassar todos os limites do bom senso ao ter a atitude politicamente vergonhosa de entregar ao seu candidato à Junta de Freguesia o contacto com os lojistas da antiga feira. Alem das implicações legais que esta situação possa implicar, este favorecimento vem realçar muitas outras situações de manifesto abuso dos cargos públicos para favorecimento dos partidos políticos quem tem caracterizado os mandatos da Coligação PSD/PP na Câmara Municipal.
O interesse que muitos joanenses manifestam por este assunto é natural e justifica-se pela ampla divulgação que tem tido na comunicação social, no entanto, a vila de Joane não tem apenas este problema, há muitas outras situações que preocupam os seus habitantes e que igualmente se arrastam no tempo sem que sejam resolvidas. Não falo apenas de caminhos ou passeios em mau estado, falo de estratégias de desenvolvimento a todos os níveis. Joane cresceu muitos de há alguns anos a esta parte, quer demográfica quer industrialmente. Os investimentos em infra-estruturas e equipamentos sociais por parte da Câmara Municipal em nada se equiparam com esse crescimento nem com as necessidades dos seus habitantes. Podemos mesmo dizer que Joane tem sido discriminada em relação às outras vilas do concelho, nomeadamente Ribeirão.
Por outro lado a Junta de Freguesia não tem sido capaz de reivindicar e atrair as soluções para a realização das naturais aspirações de todos os joanenses.
Neste contexto, torna-se urgente que em Joane surja na cena política uma nova geração de pessoas com capacidade de mudar o rumo da vila, sem os actuais vícios que condicionam o desenvolvimento desta terra com tamanha importância geográfica e social. Dessa nova geração de políticos espera-se que mobilizem todos os joanenses na elaboração de um objectivo comum suficientemente abrangente quer em termos sociais, económicos, desportivos ou ambientais.
Em Joane há gente capaz de fazer essa mudança, importa que sejam capazes de não se resignar com a actual situação e que avancem em novas opções políticas que melhor contribuam para melhorar o futuro e fazem com que todos se sintam bem a viver em Joane.
Além disso, Joane e todas as freguesias, merecem que os seus responsáveis sejam capazes de exercer os cargos para que foram democraticamente eleitos de forma equitativa uma vez que representam toda a população e não apenas aqueles que lhe confiaram o voto. Quem coloca os interesses dos seus partidos afrente dos interesses das populações e pior, das restantes instituições democráticas, não merece a confiança dos eleitores.

Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 18/03/2009

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."