18 de setembro de 2008

Maré Alta de 17/09/2008

Marcha contra a precariedade.

O Bloco de Esquerda está a levar a efeito uma marcha contra a precariedade laboral em vários pontos do país. A marcha estará no distrito de Braga no próximo dia 21, partindo junto ao hipermercado Continente de Guimarães, pelas 10h da manhã e percorrendo várias ruas da cidade, terminando com um comício no largo do Toural pelas 12h. De tarde será em Braga, pelas 14 horas, da praia fluvial de Prado até à Avenida Central com um comício de encerramento.
Esta iniciativa do Bloco de Esquerda pretende mostrar que podem tomadas, desde já, medidas concretas para enfrentar o drama do desemprego e da precariedade. Este governo PS anuncia à boca cheia o "combate à precariedade" contudo, o seu principal objectivo é implementar o código de trabalho e dividir precários e trabalhadores com contrato, para impor a todos as novas leis laborais, contribuindo ainda mais para o trabalho precário em Portugal.
Se dúvidas houvessem bastaria analisar as estatísticas do INE que, preto no branco, o confirmam: mais de 151mil homens e mulheres que no final de cada mês não levam para casa mais de 310 euros; um milhão e 678mil pessoas que recebem menos de 600 euros líquidos. Muitos desses trabalhadores precários e de salários baixos encontram-se no concelho de V. N. de Famalicão. Os dados do INE referem ainda que dos que recebem 310 euros, fazem parte 11mil dos 37mil novos trabalhadores que entraram para o mercado de trabalho no segundo trimestre deste ano.
É por estes motivos que o Bloco de Esquerda vem de novo para a rua: marchar contra a precariedade, a miséria dos salários, fazendo propostas que afirmem que esta esquerda não aceita que estejamos condenados a este "destino" duma sociedade onde os pobres são cada vez mais pobres e alguns cada vez mais ricos. Nunca em Portugal se foi tão longe em matéria de corte nas despesas públicas. Nunca a precariedade rondou e entrou na vida das pessoas como agora, nem nunca as pessoas sentiram de forma tão violenta a sacralização do mercado a abater-se feroz e inédita sobre o quotidiano dos que vivem do seu trabalho. O trabalho precário é a garantia de uma vida precária.
A precariedade não é só a ausência de direitos, é posta em causa a própria dignidade de quem trabalha. Este Portugal precário é o produto de políticas erradas, que respondem à crise com mais crise.
Um(a) trabalhador(a) precário(a) está completamente impossibilitado(a) de fazer qualquer projecto de vida, desde a habitação à maternidade/paternidade. Um país onde abundam precários(as), é igualmente um país precário, sem rumo, sem objectivos, sem perspectivas de um desenvolvimento sólido, em que todos os cidadãos se sintam realizados profissional e pessoalmente.
Por tudo isso, deixo o apelo a que ninguém fique indiferente a esta situação, participar nesta marcha contra a precariedade é mostrar que queremos um futuro melhor para todos e que o Governo não tem o direito de criar leis que agravam a vida da maioria dos portugueses.



Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 17/09/2008

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."