3 de setembro de 2008

Maré Alta de 03/09/2008

De regresso.

Tendo, a maioria de nós, acordado de uma anestesia chamada férias, algumas coisas parecem muito estranhas assim à primeira vista. Felizmente, este ano as condições climatéricas livraram-nos do recorrente drama dos fogos florestais, permitindo que o governo viesse apregoar um êxito estrondoso no combate aos fogos.
Como as televisões não tiveram este ano as reportagens dos incêndios e os debates com pseudo-entendidos do futebol ainda agora está a começar, foi dado um destaque especial à onda de assaltos deste último mês, agora denominada de criminalidade violenta. De repente, qualquer assalto tem direito a reportagem televisiva, até parece que nunca antes houve assaltos mais ou menos violentos. De repente ficamos com a sensação de que, de um mês para outro o país ficou particularmente violento. A comunicação social, principalmente as televisões conseguem com relativa facilidade incutir na opinião generalizada dos portugueses uma ideia que eventualmente não é a real ou que não tem a dimensão que aparentemente nos fazem acreditar. Ficamos com a sensação de que a criminalidade se resume aos assaltos a bancos e a alguns crimes mais ou menos violentos e passa-nos ao lado os chamados crimes de colarinho branco, principalmente aqueles que lesam fortemente o Estado e consequentemente cada um de nós. 
Coincidência ou não Cavaco Silva promulgou por estes dias a polémica lei de segurança interna sem qualquer dúvida, quando apenas o PS fez aprovar a lei e todos os partidos da oposição e também os juízes colocam muitas reservas e preocupações por serem concentrados demasiados poderes numa pessoa que fica na dependência directa do Primeiro Ministro. As alterações introduzidas com esta nova lei trazem de volta o fantasma de outros regimes que gostaríamos de esquecer para sempre.
No plano politico partidário, inicia-se agora um ano político particularmente interessante pelo facto de 2009 ser o ano de todas as eleições. Quando em período de férias PS e PSD optaram (oficialmente) por falar e intervir o mínimo indispensável ou mesmo pelo silêncio completo, o Bloco de Esquerda foi o mais activo e desenvolveu uma série de actividades de onde se destacam o acampamento de jovens, comícios um pouco por todo o país e com o Socialismo 2008. Este fórum de debate tratou de temas na área da Política, Arquitectura, Ciência, Economia, Trabalho, Situação Internacional, Artes, Urbanismo, História, Ecologia, Europa e decorreu este ano no Porto, permitindo que um maior número de bloquistas do concelho de V. N. de Famalicão e do Distrito de Braga pudessem participar. Foram três os oradores do distrito de Braga que participaram na edição deste ano.
Com toda esta dinâmica em tempo de férias, enquanto outros estão a banhos, o Bloco de Esquerda assume que a política se faz no contacto permanente e directo com as pessoas, ouvindo-as, compreendendo as suas necessidades, preocupações e expectativas e procurando em conjunto com elas as melhores soluções. 

Crónica publicada no jornal Opinião Pública de 03/09/2008

Sem comentários:

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."