Os nossos museus
Se seguirmos a mesma linha de raciocínio, também o Museu dos Caminhos-de-Ferro deveria ser transferido de Lousado para a cidade, sempre teria mais visitas e restaurantes por perto. Do mesmo modo, a Casa-Museu de Camilo deveria deixar Ceide e deveria vir para a cidade, não se corria o risco de ser um “fracasso”. Seria interessante um cabalmente esclarecimento de qual é o conceito de fracasso e de sucesso nos museus, se é que ele existe.
Um mau exemplo dessa ideia de localização centralizada é o Museu da Indústria Têxtil que está localizado em Calendário, quando o principal património histórico da indústria têxtil está na parte nascente do concelho. No centro da cidade já existem vários museus, o Museu Bernardino Machado, o Museu da Fundação Cupertino de Miranda, Casa - Museu Soledade Malvar, por exemplo e não consta que tenham mais ou menos sucesso por influencia da sua localização. Somos levados a concluir que apenas o centro da cidade é importante, o resto é paisagem.
Esta situação revela sem qualquer dúvida a desorientação com que, também na cultura, a gestão autárquica está a ser feita no nosso concelho. Fica provado que a maioria no poder não tem qualquer rumo, qualquer visão global de desenvolvimento para V. N. de Famalicão, tomando decisões em função de posições de pessoas a quem não compete definir o futuro do concelho e cujos pareceres mais parecem estudos de marcado. O património cultural, histórico e arqueológico de V. N. de Famalicão merece muito melhor.
Se juntarmos a isto a total ausência de desenvolvimento de actividades, de obras e de novos locais de lazer na grande maioria das freguesias, concluímos que esta maioria está a fazer com que se tenha famalicenses de primeira e famalicenses de segunda. Uns terão tudo à mão, outros são simplesmente esquecidos.
2 – A mesma Câmara Municipal prepara-se para contrair mais um empréstimo no valor de 3 milhões de euros para a concretização de algumas obras. Na mesma altura, são aprovadas obras que para serem concretizadas sugarão muitos milhões. Se é preciso endividar a Câmara para obras relativamente mais pequenas, como é que essas se irão pagar?
Não deixa de ser estranho que num orçamento superior a 80 milhões de euros, não seja possível encontrar apenas 3 milhões para se fazerem estas obras. Gasta-se o que se tem em festas, passeios e propaganda e os investimentos ficam para os outros pagarem depois. Assim é fácil governar.
Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 28/11/2007
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