14 de novembro de 2007

Maré Alta de 14/11/2007

As alterações do clima II


Li estes dias nos jornais que, segundo a ONU, não combater alterações climáticas é uma “irresponsabilidade criminosa”. Estas foram palavras do presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Yvo de Boer, em Valência, Espanha.

Apesar de Yvo de Bóer considerar que “o sobreaquecimento do sistema climático é inequívoco, como são evidentes os aumentos das temperaturas médias do ar e oceanos, o degelo generalizado da neve e gelo e aumento global do nível médio do mar”, refere mais à frente que “a inércia está a desaparecer”.

Para bem da Humanidade, é mesmo bom que a inércia desapareça completamente em relação às preocupantes alterações do clima. Se é verdade que o pais mais poluidor do mundo (Estados Unidos) ainda não tem dados passos significativos neste âmbito, os países mais desenvolvidos, nomeadamente os da União Europeia, estão a dar passos importantes para resolver o problema ou pelo menos minorar ou retardar as consequências das alterações do clima.

Sendo um problema que atinge a todos sem excepção, é natural que todos devemos estar atentos ao problema, todos devemos ser uma parte activa neste processo ou pelo menos devemos ser exigentes para com quem tem obrigações, pelos cargos públicos que ocupam, de tomar medidas para minorar as alterações do clima. Como dizia um slogan do BE, ninguém se pode esconder das alterações do clima. Se ninguém se pode esconder, então todos devemos enfrentar o problema de frente em vez de o ignorar ou dizer que só os governantes devem fazer alguma coisa.

Sem dúvida que os governantes, quer seja dos países, dos municípios ou das freguesias, devem ter uma papel activo e empenhado. Exigir, planear e implementar uma rede de transportes públicos a toda a população do concelho seria uma medida fundamental para reduzir a utilização de automóveis e a poluição. Mas isso seria apenas uma das muitas coisas que é urgente ser feitas, por exemplo, as juntas de freguesia podem organizar sessões de sensibilização para o problema de uma forma muito mais próxima das pessoas. Sensibilizar para usar menos o automóvel, para reduzir e reaproveitar, será um forte contributo para melhorarmos o futuro de todos nós.

Quando já há quem trabalhe a pensar nas eleições de 2009, porque não as populações começarem a ser mais exigentes e dizerem claramente que considerarão o seu voto em função dos programas eleitorais que melhor definam o conhecimento sobre as alterações do clima, actividades em concreto a levar a efeito e não apenas ideias soltas em forma de propaganda e também estabelecer objectivos claros a atingir com essas acções.

Independentemente dos partidos políticos que estejam no poder, quer no Governo, quer nas autarquias, é evidente uma falta de cooperação e de visão global sobre este problema. É urgente despir a capa do partidarismo bairrista e trabalhar em conjunto pois só dessa forma será possível atingir os objectivos de minorar as consequências das alterações do clima.

Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 14/11/2007

Sem comentários:

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."