18 de outubro de 2007

Maré Alta de 17/10/2007

A história repete-se


Neste último fim-de-semana, os principais órgãos de comunicação social nacionais decidiram mais uma vez “bombardear-nos” com mais um exagero mediático: o XXX Congresso do PSD. Sucessivos directos das televisões por todo e qualquer pretexto, páginas e páginas de jornais com opiniões todos quantos foi possível sacar umas palavras, bloguers a “postar” em directo do local, etc… Ninguém, por mais que tentasse, poderia escapar a estes atentados à ideia de pluralismo e equidade.
Ao vermos e ouvirmos os intervenientes neste congresso de aclamação até poderia ser que alguém fosse capaz de ficar com alguma esperança que algo no futuro possa vir a melhorar com as figuras que emergem agora para a ribalta politica nacional. Por entre os naturais ataques ao governo e promessas de mudar de constituição, alternados com mais privatizações de serviços dos Estado onde alguns se poderão encher de dinheiro à custa dos nossos impostos, ficamos a saber as verdadeiras motivações dos “novos” dirigentes nacionais do PSD.
Se é certo que História não se repete, há situações que nos levam a pensar o contrário. Em 2004, no PS acontecia exactamente a mesma coisa, José Sócrates era igualmente aclamado pelos socialistas e também o circo mediático se encarregou de fazer passar a ideia de que tudo iria mudar. Em 2005 mudou o governo, desde aí também mudaram para pior as condições de vida da grande maioria dos portugueses a quem foram agravados os impostos, a quem retiraram serviços de primeira necessidade, a quem mais sofre com a precariedade e o desemprego.
Por mais que prometam, por mais que digam, quando se chega ao poder as coisas mudam radicalmente. Na oposição usam a bandeira das questões sociais e de tudo aquilo que pode fazer as pessoas votarem em si, quando chegam ao poder, apenas os números interessam. Os números do défice, os números de portáteis que os ministros entregam, o número de maternidades, escolas, etc. que fecham, os números do lucro da banca. Os reais problemas que ejectam os portugueses ficam para segundo ou terceiro plano.
A política não faz sentido se apenas servir para piorar a qualidade de vida das populações. A politica não faz sentido enquanto se mudarem as posições das pessoas de quando estão na oposição e quando chegam ao poder.
Mas não é apenas a nível nacional que este fenómeno de mudanças de posição oposição/poder acontece, também em V. N. de Famalicão isso aconteceu. Aquilo que Armindo Costa e a coligação PSD/PP mais criticou enquanto oposição, foi capaz de fazer ainda pior estando no poder. Desde a partidarização dos cargos e funções nos mais diversos locais, à vergonhosa discriminação das freguesias por cores politicas, à subordinação dos interesses públicos aos interesses imobiliários, às tácticas para afastar vereadores inconvenientes, são apenas alguns dos exemplos que justificam o natural distanciamento da pessoas em relação à política.
Só uma participação cívica mais forte e exigente pode fazer mudar este cenário no futuro.

Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 17/10/2007

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."