Obra(s) por acabar
Tinha planeado escrever esta semana algumas considerações sobre a importância da oposição na nossa democracia, mas mudei de ideias por força do choro de uma criança.
Esse choro não era de mimo ou de birra, mas sim por causa de ter tropeçado e caído numa das muitas armadilhas que se encontram no passeio em frente ao novo Posto de Turismo.
É lamentável que uma obra que até foi inaugurada antes de estar pronta, ainda não tenha sido completamente acabado, apesar do seu prazo de execução ter sido exageradamente maior que o previsto. Será preciso chamar cá a televisão que aquele passeio seja arranjado? Quantas pessoas ainda terão que lá cair para que os responsáveis pela obra cumpram o ser dever?
Não pensem que considero aquele passeio mais importante que qualquer outro, ou que qualquer caminho esburacado e cheio de silvas que ainda existem nas freguesias periféricas e marginalizadas pelo poder. Em qualquer dos casos, é a segurança, a comodidade e o respeito pelas pessoas que é posto em causa.
O caso particular do referido passeio torna-se ainda mais preocupante quando estamos a poucos dias das festas Antoninas, em que um ainda maior fluxo de pessoas irá passa por aquela rua e ficar sujeito a todos os perigos que o estado daquele passeio apresenta. Não será certamente uma boa imagem que os forasteiros levarão de V. N. de Famalicão. Mas para o executivo camarário, o mais importante foi inaugurar o Posto de Turismo (não havia mais nada para inaugurar), o estado das ruas adjacentes e os incómodos causados aos residentes e a todas as muitas pessoas que diariamente ali passam não era importante, daqui a 2 anos voltam a fazer as promessas de sempre para lhes conseguir o respectivo voto.
Para esta maioria no poder, o importante é dar nas vistas, anunciar pomposamente obras, mesmo as que nunca se venham a concretizar. O que importa é a imagem que passa para os jornais e rádios, mesmo que isso não corresponda totalmente à realidade. Os pormenores que acabam por afectar as populações parecem ser considerados como meros efeitos colaterais.
Esta Câmara é apenas especialista no marketing político, em anunciar obras quando a popularidade do seu regime presidencialista está mais em baixo, em silenciar as vozes discordantes, mesmo quando têm origem nos seus pares, em fazer-se representar, para poderem aparecer, em todas as iniciativas de qualquer entidade particular, das associações ás empresas e demais instituições. Naturalmente que é muito fácil conseguir tudo isso com tantos assessores pagos com o dinheiro dos nossos impostos.
Mas quando é preciso resolver um problema como o do passeiro acima referido, em que centenas ou milhares de pessoas são afectadas diariamente, já parece que se torna uma missão impossível.
Não haverá um assessor que seja (já não falo em vereador) capaz de convencer o empreiteiro ou quem quer que tenha a responsabilidade, a concluir uma obra que acaba lamentavelmente por ser o espelho da capacidade deste executivo.
Crónica publicada no Jornal Opinião Pública de 05/06/2007
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