Transportes e acessibilidades
A Câmara Municipal de V. N. de Famalicão apresentou recentemente com pompa e circunstância o projecto de reestruturação e apoio aos transportes urbanos de Famalicão TUF. A criação do passe “Sénior Feliz” é apresentada como a salvação da empresa face à difícil situação financeira em que se encontra e que se arrasta já há vários anos.
Mas os famalicenses que tiverem memória lembrar-se-ão que em Fevereiro de 2005 a mesma Câmara Municipal fez aprovar por unanimidade uma proposta idêntica, senão a mesma. Este executivo demorou quase 2 anos a por em prática esta iniciativa, com diversas consequências que não podemos ignorar: durante 2 anos os idosos não puderam usufruir deste apoio e deste estímulo para usar os transportes públicos; durante dois anos, a situação financeira da empresa agravou-se, fazendo com que a Câmara tenha agora que gastar mais cerca 50% daquilo que teria gasto se a medida tivesse sido implantada em 2005, de 158.400 € de 2005, a Câmara vai gastar agora 230.000 € anuais; durante estes dois anos não houve renovação da frota, contribuindo para a degradação do serviço prestado aos famalicenses.
Por aqui se pode avaliar a capacidade deste executivo.
Na apresentação feita recentemente foi dito que esta medida será o princípio de uma revolução no transporte de passageiros em V. N. de Famalicão. Não me parece que a criação do passe “Sénior Feliz” e a substituição de alguns autocarros se possa chamar uma revolução, mesmo considerando a importância que isso poderá vir a ter junto da população mais idosa do concelho. Também por aqui se pode avaliar a visão limitada que esta Câmara demonstra.
Uma verdadeira revolução nos transportes em V. N. de Famalicão e com consequências altamente benéficas em termos ambientais e de qualidade de vida das populações, seria a concretização do programa que o Bloco de Esquerda apresentou neste capítulo nas últimas eleições autárquicas. Uma politica integrada de acessibilidades, articulada com politicas de ordenamento do território em que fossem criados interfaces de ligação com parques de estacionamento nos arredores da cidade e com os transportes públicos que fossem capazes de chegar a toda a população do concelho, com o comboio e com ciclo vias e vias pedonais.
Este tipo de planeamento e de visão integrada iriam originar uma substancial redução da presença de automóveis nas principais vias e no centro da cidade, contribuindo para uma melhor qualidade de vida das populações a nível ambiental e mesmo económico.
Naturalmente que para realizar esta verdadeira revolução nos transportes e na mobilidade é necessário visão global, capacidade empreendedora e meios financeiros. A opção politica da Coligação PSD/PP por privilegiar as festas, feiras, publicidade e uma distribuição desequilibrada de apoios pelas freguesias inviabiliza qualquer projecto estratégico global para o concelho.
É importante que os famalicenses comecem a analisar cuidadosamente as opções que são tomadas e que consigam uma visão ampla capaz de distinguir aquilo que é demagogia e aquilo que efectivamente contribui para um futuro melhor do nosso concelho.
Crónica publicada no Jornal Opinião Pública de 01/03/2007
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