Felizmente, até para a imagem da Igreja Católica, que alguns dos muitos católicos moderados resolveram dar a cara em ralação ao aborto, mesmo que desalinhados com as directivas da hierarquia da Igreja.
Frei Bento Domingues, num relevante artigo publicado ontem no jornal "Público", afirma: "Creio que é compatível o voto na despenalização e ser - por pensamentos, palavras e obras - pela cultura da vida em todas as circunstâncias e contra o aborto".
E ainda que: "É saudável, é normal que a lei de um Estado laico não tenha que estabelecer o que é bem e o que é mal sob o ponto de vista religioso. Não desejaria ver os Estados europeus a adoptarem regimes equivalentes aos da Arábia Saudita ou do Irão: o Estado e a sociedade regidos pela lei ou pela ética religiosas".
E por fim: "O "sim" à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, dentro das dez semanas, é contra o sofrimentos das mulheres redobrado com a sua criminalização. Não pode ser confundido com a apologia da cultura da morte, da cultura do aborto, embora haja sempre doidos e doidas para tudo"
Outra voz moderada da Igreja a dar a cara é o Padre e professor de filosofia Anselmo Borges que num interessante artigo, publicado no DN (disponível aqui), salienta a diferença entre níveis de debate e afirma: "Sem esquecer os aspectos biológicos, o problema moral e as suas raízes filosóficas e religiosas, o que se pergunta é se a mulher que aborta, num determinado quadro legal - se cumprida, a actual lei bastaria -, deve ser penalizada".
E conclui: "No seu drama, em lugar de uma punição penal, do que ela precisa sobretudo é de solidariedade."
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