10 de novembro de 2006

Maré Alta de 10/11/2006

No caminho errado

Mesmo dizendo que a crise já passou, o Governo continua a sacrificar os portugueses, principalmente aqueles sentem mais dificuldades e que menos hipóteses têm de arranjar alternativas.

O aumento do IVA logo no início do mandato foi relativamente fácil de implementar. Pretendem agora introduzir portagens nas SCUTs, baseados em estudos devidamente “encomendados”.

Tem sido na saúde que mais visivelmente se notam as medidas de austeridade impostas pelo executivo de Socrates, desde o fecho das maternidades e dos serviços de urgência, com os inerentes custos que isso implica para as populações. Já se avizinham pagamentos nos internamentos (como se alguém decidisse por sua livre e espontânea vontade ser internado) e o aumento do IRS para os deficientes e incapacitados. Agora são cerca de 400 medicamentos que vão deixar de ser comparticipados pelo Estado, aumentado assim as despesas das populações, principalmente das mais carenciadas.

Foram prometidos 150 000 novos postos de trabalho só que o desemprego continua a aumentar.

Por outro lado existe um outro país, o dos muito ricos, nomeadamente os ligados à banca e a grandes empresas em que os lucros aumentam exponencialmente. Desconhecem-se quaisquer aumentos de impostos sobre as grandes fortunas ou sobre os lucros nas transacções da bolsa.

Anunciam-se grandes investimentos (privados) com promessas de empregos, mas na verdade, o poder de compra dos portugueses está ao nível de 2001.

Quando é que este governo vai perceber que não é este o caminho?

Não é asfixiando financeiramente as famílias que o país vai sair desta crise, não é aumentando a diferença entre os pobres e os cada vez mais ricos que haverá um desenvolvimento sustentado.

A Educação é outro dos temas em que se manifesta claramente que as coisas não vão bem. Não apenas pelas manifestações dos alunos (legitimas ou não), mas principalmente pela complexa atribuição de responsabilidades em que, por um lado a Administração Central e por outro as Câmaras Municipais se confundem nas competências. Um exemplo disso é (ainda) a situação na escola primária de Sezures, em que o vereador Leonel Rocha disse que o melhor para os alunos não é o que os pais, a junta ou os professores querem. Como antes aqui tinha dito, é clara a intenção do vereador em acabar a todo o custo com as pequenas escolas, nomeadamente a de Sezures, uma vez que na reunião com os representantes dos pais e segundo eles, a única opção às condições das actividades extra curriculares é acabar já com a escola e transferir os alunos para Arnoso S. Maria. Foi colocada nas mãos dos pais a decisão de continuar assim ou acabar com a escola.

Então antes o melhor para os alunos não era o que os pais querem e agora são eles que terão de decidir? Quererão colocar sobre os ombros dos pais a responsabilidade de tal decisão?

Terão sido eleitos ou nomeados para descartar as suas responsabilidades de decidir e de melhorar as condições como pomposamente apregoaram em campanha eleitoral? Ou simplesmente lavam as suas mãos num processo que é claramente errado mas que teimam em levar adiante.


Publicada no Jornal Opinião Pública

1 comentário:

Ferreira De Castro disse...

a vida é como o vento
para ti com carinho



""""Num oceano ao qual chamamos vida
Onde as ondas se confundem com marés
E as esperanças parecem morrer na praia
Como um barco decadente
Velejamos num azul intenso
Guiados por um vento
Que não parece ter explicação
Seguindo estrelas longínquas
Como se percebessem a nossa angustia
Sem rumo; sem fé
Como um único remo que aponta a solidão
No nevoeiro a incerteza nos alcança
Nada é certo nada é verdadeiro
Tudo são miragens marinhas
Num deserto molhado
Nas tempestades tudo parece perdido
E nem sempre encontramos terra firme
Parecemos todos marinheiros do nosso navio
Perdidos no meio do nada
Amarrados a correntes de algas brancas
Remando…remando…
Nenhuma certeza….apenas a nossa pessoa
Estamos vivos
Uma milagrosa certeza
Caminhamos sobre a água ate á miragem da morte
E quando o orvalho se evaporar quando a essência tocar nos lábios
Quando se derreter a película que nos envolve
Quando cortarmos o cordão que nos liga ao universo
Despertaremos para a viagem
Quando percebemos a efemeridade da aventura
Para a qual viemos despromovidos de preparação
Imploraremos para voltar atrás
Ao inicio do mundo…………………"""""

"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."