25 de junho de 2008

Maré Alta de 25/06/2008

Para onde vai a Europa?

Quando estudava, um colega meu realizou uma série de actividades sobre o fim da antiga União Soviética, como exposições, debates e conferências. O título dessa iniciativa era: Para onde vai o Leste?
Perante as alterações e o rumo que a União Europeia está a ter, ocorre-me perguntar: Para onde vai a Europa? Que podemos esperar deste vasto espaço europeu?
Eu acredito que é possível uma Europa politica e economicamente forte, competitiva, coesa e ao mesmo tempo uma Europa social, solidária e equilibrada. Uma Europa onde as pessoas estejam sempre no centro de todas as decisões. Infelizmente, a evolução desta Europa tem seguido num caminho exactamente contrário a este.
Aquilo que estes dirigentes actuais dos países membros da União Europeia estão a fazer leva a colocar no caixote do lixo mais de um século de conquistas dos povos europeus em matéria de direitos sociais. A Directiva da Vergonha, o Tratado de Lisboa e as 65 horas semanais são os exemplos mais flagrantes do rumo que a Europa está a levar.
As semelhanças entre o concelho de V. N. de Famalicão, o Governo de Portugal e a maioria dos países da União Europeia são preocupantes no que toca à participação dos cidadãos na construção de um futuro colectivo. A recusa de um referendo e consequente discussão sobre o Tratado Europeu tornou-se ainda mais grave quando se tenta contornar o legitimo resultado do referendo efectuado na Irlanda, único país onde os cidadãos puderam discutir e expressar a sua opinião sobre um documento tão importante para todos os europeus. Muitos milhões de europeus foram privados de conhecer em pormenor, discutir e votar o destino da União.
Esta postura demonstra que a União Europeia, está a ser governada e dirigida por alguns políticos profissionais para quem os cidadãos que os elegeram são “seres” inferiores e sem capacidade para entender as grandes decisões que são tomadas. Pior ainda é que a EU está a tornar-se num asilo para alguns políticos fracassados nos seus países e que ali encontram a resposta para as suas ambições politicas. Lamentávelmente, muitos desses políticos limitam-se a transformar em leis e directivas os objectivos económicos de alguns grandes grupos capitalistas que pretendem implementar na Europa os piores exemplos vindos da Ásia e África, em termos laborais e sociais.
Por este caminho, a ideia de vivermos numa Europa prospera para todos os seus habitantes e não apenas para alguns, a ideia de uma Europa das oportunidades profissionais e culturais, a ideia de uma Europa referência a todos os níveis para o resto do mundo será sempre uma eterna miragem. Todos os pretextos servem fomentar a precariedade e as restrições aos cidadãos, desde a globalização à ameaça dos imigrantes ilegais, do terrorismo ao aumento do preço do petróleo.
É importante sentirmos-nos europeus e acompanhar aquilo que se passa no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia, afinal somos cidadãos de pleno direito apesar de tudo.

(Crónica publicada no Jornal Opinião Pública em 25/06/2008)

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."