11 de junho de 2008

Maré Alta de 11/06/2008

O descrédito da coligação

O desempenho de cargos públicos, quer ao nível nacional, como nas autarquias locais, exige que os eleitos sejam de uma idoneidade acima de qualquer suspeita. Só dessa forma poderá haver a necessária confiança das populações nas instituições que as representam.
Em Vila Nova de Famalicão assiste-se a uma situação que em nada abona a essa credibilidade que se exige das instituições. A idoneidade do vice-presidente da Câmara Municipal há muito tempo que tem vindo a ser posta em causa. Todos estaremos recordados, de quando Durval Tiago Ferreira, em plena reunião de Câmara ameaçou “ir ao focinho” a um famalicense. Só por si, esta postura é suficientemente grave para passar em claro e sem qualquer consequência política. No entanto foi isso que aconteceu.
Mais recentemente deparamos-nos com a lamentável história de telefonemas a residentes na Rua Carvalho Faria com carácter muito pouco recomendável e feitos a altas horas da noite, efectuados a partir de um telemóvel da Câmara Municipal e afecto ao departamento sob a alçada do mesmo vereador Durval Tiago Ferreira. Apesar do vereador ter dado na altura uma justificação muito pouco convincente, a coligação PSD/PP não tomou qualquer posição, dando cobertura a uma situação com esta gravidade. Para não ir a julgamento, o mesmo vereador teve que pedir desculpas às pessoas visadas neste caso, mas continua a não assumir a autoria dos mesmos telefonemas, alegando que os telemóveis poderiam ter sido utilizados por várias pessoas dos departamentos à sua responsabilidade. Considerando que Durval Tiago Ferreira não tenha feito os tais telefonemas, o mínimo que se exige é uma investigação para se apurar quem dos seus subordinados os fez e aplicar as medidas necessárias. Como, pelos vistos, isso não foi feito, essa responsabilidade recai sobre o vereador que demonstra não ter condições para desempenhar o cargo que ocupa.
A gravidade da situação é ainda maior quando esse vereador é também vice-presidente da Câmara Municipal. A credibilidade desta instituição fica seriamente comprometida quando é representada por alguém sobre quem recaem repetidas suspeitas desta natureza.
Uma vez que Durval Tiago Ferreira não teve a ombridade de se demitir, como seria normal nestas situações, Armindo Costa deveria ter a iniciativa de salvaguardar o bom-nome da instituição e ter a mesma atitude que teve nos casos de Edna Cardoso e do vereador Jorge Carvalho.
Esta dualidade de critérios manifesta uma completa desorientação da maioria PSD/PP que ignora os mais elementares e básicos conceitos da democracia como a credibilidade. Quando esta é grosseiramente posta em causa e aos seus protagonistas nada acontece, a desconfiança das populações fica legitimada. Juntando a isto o acumular de funções de presidente, de vereador do urbanismo e de sócio de imobiliária, faz com que a representação mais alta da Câmara Municipal seja quem mais a desacredita juntos das populações e das demais instituições.

Crónica Publicada no Jornal Opinião Pública de 11/06/2008

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"O mal dos seres humanos, é que preferem ser arruinados pelos elogios, a ser salvo pelas críticas."